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Estou com medo.

L.T.

Um conto medieval, parte Três  

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"...Aqueles olhos brilharam uma única vez ao fitar ao longe a Floresta de Esmeraldas, mostrando em um único relance todo o poder daquele espírito, agora ferido como nunca. Nunca havia se sentido tão confuso, sem saber agir, sem saber pensar. Ela estava ferida... Mas por quê? Por que não esperou sua ajuda e não deu a ele sequer um segundo para o auxílio? ... Toda aquela força se desfez, não pôde dar um passo sem que todos os temores que ele tão habilmente afastara durante toda a vida o assaltassem de uma só vez. Por instantes ele apenas observou o embrulho em suas mãos, manchado daquele liquido tão puro. Aquelas manchas leves no chão, que pesavam seu coração como nada antes o fizera... Seus olhos se encheram então da antiga chama, uma força que o consumiria em breve, mas que agora serviria ao propósito de seu coração, pois essa era sua natureza: Agir.

Sem que ninguém empurrasse, a porta a sua frente se abriu e seu corpo deslizou pelo ar. Um movimento impossível de acompanhar... “Tenho que descobrir... Tenho de saber o porquê!" Com o pacote apertado em seu peito ele saiu, noite a fora."

O frio intrépido acompanhado da densa neblina circundava as árvores da Floresta, que banhadas em gelo puro tilintavam a cada floco de neve que ousava cair sobre sua superfície, ameaçando estilhaçar-se a qualquer segundo.

As botas da jovem amassavam a neve que se dissipava com qualquer toque, formando buracos enormes que sugavam suas pernas até a altura dos joelhos, atrasando-a em sua fuga. Ela chorava baixinho, execrando-se por dentro, pois queria ter permanecido a cantar histórias com seu alaúde e pífaro, sobre aventuras de dragões a deixar em chama aldeias e cidadelas. Ela desejava ser ouvida, para que as suas histórias jamais morressem.

Quando a margem de um rio cristalino brotou diante da escuridão gelada, a jovem adentrou-o, buscando pelo pequeno barco que ali deixara. Tomou em mãos seu remo e pôs-se a golpear a superfície da água, distanciando-se daquela cidade.

“ESPERA-ME!” Ecoou.

A jovem virou-se desesperadamente para saber quem a chamara. Das sombras surgiu o mesmo homem a quem presenteara.

“OH BARDA! É O PARAÍSO QUE PROCURAS? ESCUTA-ME... DEIXA-ME AJUDÁ-LA. DEIXA-ME SANAR A SUA DOR... A TUA HORA NÃO CHEGOU VISTO QUE NOSSOS DEUSES PERMANECEM CALADOS! ESPERA-ME! Espera-me...”

“Perdoa-me...” Sussurrou em resposta, em um tom inaudível banhando-se em lágrimas. A moça tomou em mãos o remo e arremessou-o na água. Tornando seu próprio retorno impossível.

“Há algo que você não sabe, Oh Viajante...

A minha estadia nesta Terra já excedeu seu limite.

Os dias que ainda vivo foram contados pelo Deus Maior.

Não pude andar ao teu lado nesta etapa.

Eu sei... Eu falhei.

Mas a sua jornada ainda continua.

Cante aos homens a minha história.

Torna-me imortal.

E assim um dia, encontrar-nos-emos no Paraíso

E cantaremos juntos, a história do Mundo...”

E coberto pela nevoa, o barco desapareceu. Mas ainda era possível ouvir notas de uma melodia conhecida... Cantava a barda, o seu ultimo suspiro na Terra.

[Continua]

Larissa Tonin - [The]Lirium e Daniel - Iluvatar

Um conto medieval, parte Dois  

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"...Na taverna todos aguardam, mas a barda silenciou-se. Ela se levanta e diz com a voz suave que encantou a todos por algumas horas... A voz que narrava às habilidades de outra jovem guerreira.

- Esse conto continuará amanhã, bebam e alegrem-se todos. Mas esperem, pois a continuação será grandiosa.

No fundo da taverna um homem se levanta, ninguém parecia ter notado a presença desse estranho antes, suas vestes: Apenas farrapos, mas seu olhar brilha como mil estrelas, sua voz parece distante, mas encontra em todos, um ouvinte atento. Ouvem com o coração. Como se tomados de súbito espanto.

- Jovem barda, sua história tomou minha atenção, me fez viajar além desse local, e relembrar terras distantes, estarei aqui amanhã, peço e aconselho. Não falte!

Um clarão, e o estranho se foi."

Desajeitada, dedico esse post a quem há muito o espera. Eu estava destinada a escrever para você, Daniel. Dar-te-ei finalmente este presente, como um desejo de eterna felicidade, pois sabes o quanto merece.

[...]

A porta da taverna rangeu ao se abrir. Flocos de neve adentraram pelo chão de terra batida, trazendo consigo uma fina onda do gélido ar seco de fora. Alguns homens viraram-se para olhar quem entrava, mas estavam ocupados demais com suas canecas de cerveja, que logo distraíram-se com conversas sobre armaduras e cavalos. Em frente à porta, debaixo de um casaco comprido de linho negro, estava àquela jovem barda, que há muito fora esquecida. Ela ofegava baixinho, ansiando por algo.

Com alguns passos, deslizou pelo chão que levantava uma fina poeira, e esperou chegar até o balcão para virar-se, defronte ao publico bêbado, e rastrear alguém. Nos seus olhos negros, o brilho opaco de uma alma preocupada e intrinsecamente tristonha. Os cabelos, presos em uma trança mal feita, soltaram-se através das suas costas quando a jovem tirou seu capuz, mostrando sobrancelhas cerradas. Passou uma das mãos sujas de sangue seco pela testa que ficara com a mesma coloração de cobre. Olhava, parada, em cada mesa, em cada canto escuro, mordendo os lábios de inquietação e desamparo.

Seus olhos encheram-se de lágrimas ao descobrir que quem ela queria não estava ali, balbuciou, então, algumas palavras para si mesma, com algum ritmo envolto, cantarolando baixinho, ao fitar o alto: “Encontrar-te-ei em algum lugar, e continuarei tentando, até o dia da minha morte...” Estava ali, perdida na escuridão, esperando por algum sinal, quando uma brisa fria voltou a entrar pela porta da taverna. Imediatamente a jovem engoliu o nó que se fez em sua garganta e esperou o visitante entrar.

“Onde você está? Seja o que for necessário, eu preciso saber.”

Suas pálpebras adormeceram na medida em que uma lágrima dançou dos cílios até seu queixo, e caiu em espiral até o chão. As mãos da garota tremiam quando foram ao encontro dos lábios. Deteve-se por um momento, e em seguida, deu um passo em direção a porta, onde estava um homem trajado apenas com farrapos, e embora a roupa miserável, seu olhar brilhava como mil estrelas.

Em um mundo tão distante, ao crepúsculo do dia, os dois pares de olhos voltaram a se encontrar, e duas almas há muito separadas, tornaram a se entrelaçar.

A jovem cambaleou de encontro ao homem, tirando de uma bolsa presa as costas, um presente. Piscou com os dois olhos e outras lágrimas caíram, em perfeita harmonia, através de sua face suja, escorrendo tristeza em meio à salvação e gratidão. Abriu os lábios, e uma estranha melodia soou através de alguns suspiros... “Será você? O viajante que chegou a tempo de curar as minhas feridas, de me guiar para o sol... De caminhar comigo essa estrada até o fim dos tempos? Será você?”

Ela sorriu um sorriso amargo, banhado em timidez, colocando nas mãos do homem aquela embalagem amassada, mas ainda assim bonita. “Perdoa-me... Perdoa-me...” Balbuciou ao pé do ouvido do rapaz, que via-se parado, de olhos bastante abertos, sem conseguir reagir. A jovem barda secou algumas lágrimas ao cruzar com aquele homem, e saiu pela porta que rangeu baixinho por algum tempo...

Ao olhar para suas mãos, o viajante encontrou-as banhadas em sangue. “Ela está morrendo?” Ele piscou algumas vezes e encarou o chão de barro. Havia rastros de sangue por ali. Confuso, ele encarou a porta, mas não havia nada lá fora, exceto a neve brilhando na escuridão plena, e notas de harpa que soavam através das árvores da estranha Floresta de Esmeraldas.

[Continua]

Larissa Tonin - [The]Lirium e Daniel - Iluvatar

Um pedido.  

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Despertar cedo, saborear uma xícara de café [como uma pessoa normal], dançar pelo chão, espelhando-o, dispor os objetos corretamente, ensaiar no teclado e deixar as notas soando, recebê-los com um “Olá, estão bem? Como foi o dia de hoje para vocês?”, sorrir com afeto, de verdade. E ao anoitecer, sugar todo o conhecimento que me foi dado, encerrando meu dia com um livro nas mãos, um sorriso no rosto, e um bater a mais no coração.


São várias as coisas que eu gostaria de alterar no modo de operar essa máquina. Talvez devesse aperfeiçoar o contato dela com outros do mesmo gênero. Talvez devesse trocar digitais, e deixá-la passar mais tempo com as outras máquinas. Talvez isso a deixasse satisfeita. “Ora, pois,” tu me perguntas... “Qual é a definição dessa palavra?” E aqui te respondo com as palavras do meu fiel companheiro Aurélio:

Satisfeito - Adj. Contente do que está sendo ou foi feito/Cumprido, executado/Farto, repleto, cheio, saciado

Talvez devesse acreditar que isso, algum dia, pudesse acontecer.
Mas sabe como é, a máquina que eu opero não engrenou como a daqueles caras. Ela tem essa espécie de barreira, campo magnético, ou até pode ser explicada como uma bolha de plástico – mas sem o Jimmy dentro.

Para ser mais exata, eu quero mudar.

Sem socos na mesa, sem olhos com lágrimas de tristeza. Sem ameaças.

Sabe, ser levada a sério.

Eu queria dormir feliz hoje, sabendo que aceitou minhas sinceras desculpas...

... Pois você sabe. Você sempre soube. Eu nunca me mataria, mãe.


L.T - [The]Lirium

Senhas  

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Fecho uma página, dou um suspiro, apago algumas fotos, mas quase que piro. Sorrio, hesito, e rio. Você não consegue ver? Tudo se tornou tão patético, um completo emaranhado poético... Mas de falsidade. E ao passar das horas eu me pergunto o por quê de meu medo ter se transformado no de não mais conseguir saber o que eu tenho me tornado para você.


[Noss]o futuro não é mais como era antigamente.

L.T - [The]Lirium

Uma estrela com o nome dela  

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Faço das palavras do seu poeta preferido, as minhas aqui, e agora:

Acorda, minha donzela!

Foi-se a lua – eis a manhã

E nos céus da primavera

A aurora é tua irmã!*

Era mais um daqueles dias gelados.

Estávamos dentro da sala onde permanecemos por horas e horas sem movimentarmos os músculos. Apenas os braços. Na verdade, se for possível, apenas os dedos.

Conversávamos sobre um livro, uma xícara, um estilo, balões, um porta-malas, e o presente.

O fato é que em meio àquela conversa, e navegando pelos mares e marés cibernéticos, deparamo-nos com uma página que transbordava a utopia que nos poderia ser transformada no mais lindo sonho real.

Quem imaginou que em algum dia, as pessoas poderiam escolher entre as infinitas estrelas lá do céu, e à escolhida dar o nome que quisesse?

Garanto que não al-Farghani.

Que diria Khayyam? E Ptolomeu?

Quanto mais eu.

- Caramba! – Foi o que eu disse.

E ela sorriu.

- Legal né?

O nosso plano era fazê-lo, mas cada uma ao seu Pierrot.

Saltitei pela sala, deliberadamente sorrindo...

“Mas que desgraça!” Pensei comigo.

Pagava-se um preço alto pelo feito, e eu não sabia se a escolha que eu faria seria a correta.

Pois pensei novamente: A primeira pessoa a quem daria o nome a uma estrela, seria o dela. Não ria disso, por mais que soe engraçado, e que você tenha me dito ainda hoje que irmãos não falam aos irmãos o que realmente pensam sobre eles [quando o que pensam é uma coisa boa] Pois dá vergonha e é assim que deve ser... Ora essa, já falei tantas coisas para você, tantas e tantas... Se me fosse possível, dar-te-ia um saquinho fundo, para que nesse pudessem ser guardadas todas as palavras que saíssem da minha boca ou dos meus dedos, sem risco algum de perder. Seria mais prático, e você jamais se esqueceria do meu sentimento.

O fato é: O que eu mais queria era dar um presente que:

1. Fosse lembrado sempre;

2. E pudesse brilhar sempre;

3. Transmitisse entusiasmo;

4. Semeasse criatividade;

5. Derramasse lágrimas de felicidade;

6. E que a cada vez que ela olhasse para o céu, tivesse a certeza de que quando a noite chegasse, haveria algo para ela lá em cima, pregado junto à escuridão plena, mas que sorria, sorria como um anjo, observando-a... E esse algo teria o seu nome.

E conto aqui um segredo:

... Servir-me-ia de consolo, quando não mais acordasse e a visse de pijama-de-oncinha-com-cabelo-bagunçado-e-cara-amassada tomando uma xícara de café sentada na cadeira-de-madeira a estudar sobre Piaget, Freud, Vygotsky, Skinner e toda Psique.

E então seria eu a esperar pela noite vindoura, que traria uma Carolina brilhante que ofuscaria todas as outras, naquela mesma escuridão plena. E seria a mim dado o sorriso, o sorriso de um anjo, observando-me. Seria ela.

Pois eu a amo.

É ela! É ela! Meu amor, minh’alma,

A Laura, a Beatriz que o céu revela...

É ela! É ela! – murmurei tremendo,

E o eco ao longe suspirou – É ela! - *

Pois nossa irmandade é como um plano.

Uma não funciona direito se a outra não está por perto.

Talvez sejam os laços pelo sangue. Desde o uso do mesmo corpo ao nascer, até os mesmos cuidados ao crescer.

Mas o que eu posso realmente dar-te a certeza, leitor, e que é de grande valia se você topar com ela pelas ruas ou becos, é a de dar-te um presente.

Nada de acácias

Camélias

Azáleas

Nada de Anis, copos-de-leite, margaridas

Violetas

Amarílis e gardênias

Dê lírios para a Morte, e ela sorrirá para você.

Larissa Tonin - [The]Lirium

(*) Álvares de Azevedo

ON AIR  

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É engraçado como as lembranças que guardamos [sejam elas em um papel, ou mesmo na própria mente] nos são deixadas de lado por tanto tempo... Deve ser por pensarmos que são lembranças e, sendo assim, a gente não precisa ficar lembrando toda hora de todo santo dia.
Não posso mentir, é assim que eu penso.
E então, naquele dia frio, com os dedos tremelicando junto com o queixo que também bate-bate-bate, sentimos aquela saudadezinha que vai aumentando e aumentando a cada minuto, e que, de repente, está gigantesca, e enfim: Explode!

Foi em meio a uma risada que eu decidi mostrar aqui, o que me causou essa sensação de ânsia misturada com as mais confusas sensações.
Acho que ele não se lembra de ter escrito. Talvez tenha uma lembrança vaga, mas não com as mesmas palavras. Provável.

É uma carta.
Data de 05/04/09, com direito ao horário: 01h 57min da manhã.
Depois de fazer alguns comentários sobre um filme, uma carta, uma avó e uma tia; comentou que a partir daquele ponto final no parágrafo acima, ele escreveria somente a mim. E foi assim que ele disse na mais bela caligrafia:

“Sabe, olhei pela janela agora a pouco, e a noite está linda. Bate aquele ventinho gostoso, que dá vontade de estar abraçado com quem você gosta muito. O inverno é maravilhoso. Imagino-me assim com você... Nós dois usando muita roupa, num lugar frio. Tem neve apenas nas calçadas, e lá de longe dá para ver o sol que ilumina seu rosto, é a única coisa na qual presto atenção; aquele sol quentinho, mas que não significa nada em meio a tanto frio. Árvores secas, e folhas no chão. E entramos num quiosque, desses que tem café expresso e pão de queijo, de cidadezinha pacata. É assim que imagino minhas férias, ao lado do meu amor”
E depois disso, ele dá uma risada com várias letras, e comenta sobre o que escreveu com uma pitada de ojeriza, e dá vida a outro comentário, meio encabulado:
“Você me remete a essas coisas...”

E então, depois de saciar a ânsia pela lembrança, vem a tristeza. Mas dessa vez, incrivelmente, eu consegui reparar até essa tristeza e angustia que me faziam pirar, e perder noites de sono. Pois foi numa dessas noites, zanzando por comunidades e caindo em outras e depois em outras, que me deparei com o digno “tapa na cara”. Confesso que eu não iria continuar a ler a descrição, mas alguma força maior, me fez terminar.
Ela diz o seguinte:
“Sabem como é... Às vezes, você conhece uma pessoa maravilhosa, mas apenas por um rápido instante. Talvez em férias, num trem ou até numa fila de ônibus. E essa pessoa toca sua vida por um momento, mas de uma maneira especial. E, em vez de lamentar o fato de ela não poder ficar com você por mais tempo ou por você não ter a oportunidade de conhecê-la melhor, não é mais sensato ficar satisfeito por ter chegado a conhecê-la um dia?”

Não preciso complementar.


Larissa Tonin - [The]Lirium

E Um - E Dois - E UM.  

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São 11:01 da manhã, acabei de acordar.
Na visão dele, eu deveria ter acordado cedo, bem cedo, para ir caminhar com a Morte, e alongar os músculos. Ele disse que eu me sentiria bem, disse sim. Afinal é bem complicado ter a mulher que ama tendo disparos no coração toda vez que dá um simples sorriso. Certo, com apenas um sorriso não. Mas cantando uma música, sim. E justo cantando... O que a deixa tão livre, livre, leve e livre. A vida é mesmo uma ironia só.
E por mais que eu talvez quisesse sair para tomar o ar da paisagem congelada pela serração e neblina, eu não fui. Resolver ficar debaixo de um metro de cobertas, a sair no cinza, estando 9°C pelo Climatempo, com 96% de umidade e vento a 19 km/h, nunca me pareceu ser tão certo.
Talvez por imaginar que as cobertas felpudas fossem um abraço escondido, quente, e macio... Sincero. Talvez fosse isso, mas seria errado permanecer ali, protegida, enquanto ele está tão longe enfrentando outros mundos. Embora ele tenha optado por isso.

Agora são 11:11, eu fiz um pedido. A Morte sempre me avisa quando a hora e os minutos estão como num espelho, iguais dos dois lados... Ela afirma que se pode fazer um pedido, qualquer um, mas tem que ser nesse um minuto de pura compatibilidade entre os números, se não, não funciona. Provavelmente alguém se interessou pelo o que eu desejei, ou está cochichando para o próprio nariz: “Maluca!” “Maluca!”.
Ora, não minta para si mesmo, é feio.
Afinal, eu ainda não sou maluca.
Se desejar saber o que desejei, aqui está uma mensagem para você: “Nada que possas ver que já não esteja a mostra.” Basta decifrar.
O fato, é que ele sempre esteve nos meus pedidos anteriores.
*Morte, você mentiu para mim ao dizer que se eu pedisse algo, esse “algo” se realizaria? ...Provavelmente não.
Como o próprio-ser-por-quem-desejo-tudo citou ao falar sobre futuros distantes com dias e anos contados e um amor para a vida toda: “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor... E talvez, amor, eu não esteja desejando ficar contigo com o máximo do meu ser, caso contrario, eu desistiria de tudo: Da casa, da família, da faculdade...” Mas é claro como cristal, que eu não o deixaria fazer isso. Trocar uma vida por outra, trocar até duas, talvez. Mas um sonho... O sonho dele... “Um dia irá sentar-se naquelas poltronas almofadadas e me olhar de lá, mirar o palco, e me ver encenar” Oh, passo a crer que a Colombina nessa historia é você. Sou eu seu Pierrot, e o tempo meu Arlequim...
Não era essa a Peça que eu queria assistir. Porque me obrigam a assisti-la? Por quê? Porque me obrigam a senti-la? Porque roubam minhas lágrimas? Elas são preciosas para serem jogadas fora pela tristeza... Deveriam, oh sim, deveriam ser tomadas pela alegria que eu sentiria quando o visse, novamente, naquele corredor escuro, donde o sol projetava-se nos seus longos cabelos ondulados. Quem me dera vivesse novamente aquele momento em que meu coração já não fazia mais parte de mim, já era dele... Era dele...
Por que me obrigam? CÉUS! POR QUE ME OBRIGAM A SENTIR ISSO? É cruel! Dói, e mata! Sangra... Sangro...
... Mas eu não me perderei no tempo. Afinal, não somos bonecos dele. Embora não saibamos disso.

11:51.
Não sei exatamente o que fazer. A razão me diz uma coisa, e a emoção grita e esperneia outra. Será possível que não sinta mais meu coração? Aquele mesmo que, em apenas um cantarolar, disparava para fora de mim? ... Às vezes acredito que dei realmente meu coração para ele. Será que não? Será mesmo que não?
Isso eu não posso saber. Nem essas olheiras fundas e arroxeadas, que estiveram presentes em todo o acontecido podem responder. Eu sou um fantoche de mim mesma. O que fará Larissa? O que fará consigo mesma?
Esperará rezando pelo dia em que, em um barzinho lotado pela chuva que estronda e derruba tudo lá fora, você olhará para a porta que balança um sininho avisando um novo cliente, e o veja? Com os cabelos caindo pelas costas, tremendo de tanto frio, e ansiando por uma xícara de café... Será você o liquido que o esquentará por dentro? E assim sendo, será você que o aquecerá pela vida toda?
Eu espero rezando aos céus que sim.
E enquanto isso não acontece... Eu fico aqui, nessa sala fria, ouvindo as gotas da chuva que já não cai. Querendo voltar para a cama e não sair mais de lá. Porque não posso? Porque me impede?
Aqui estou, com o choro na garganta, e nos olhos, olhando para o meu status. Sentindo que já não é daquele modo, e de que nada adianta deixá-lo ali, se não para me rasgar ainda mais por dentro. E é como dizem “O que os olhos não vêem o coração não sente”, e embora eu queira acreditar nisso... Não é a merda de um status que vai modificar alguma coisa na minha vida. Eu ainda o tenho na mente. Digo na mente, pois como afirmei, meu coração já não é meu. E sabe por que, leitor? Sabe por que, eu mesma (que estou lendo pela milésima vez esse texto)?... Porque EU O AMO com toda a força que me foi dada sabe-se lá por quem.

Agora são 12:04, chorando, eu digito as ultimas palavras desse pequeno texto. Confusa como sempre, mas aliviada... Aliviada como nem em uma noite de sono pesada consegui ficar. Finalmente aliviada. Ainda amando.
Am[ando].

Larissa Tonin - [The]Lirium

Um conto medieval  

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À quem me pediu uma narração de RPG: Desculpe-me, só consigo narrar nos livros. Mas, de qualquer maneira, aqui está o seu presente de aniversário. E por mais que não pareça um “Parabéns” na integra da palavra, em cada termo e no desenho ali em cima, está uma pitada da minha gratidão, afeição, inibição, e puxasaquismo.

[...]

Ela olhava fixamente para a torre escura de pedra, onde estava o homem que por tanto tempo ela perseguira. Este havia tirado a vida do seu precioso amigo, um Lobo-Cinzento, consagrado naquela terra um dos Abomináveis. O homem a qual a garota esperava havia acertado a pequena cabeça do animal com um mangual medieval, e não comovido com a carcaça ensanguentada ao chão, o bárbaro apanhou um Cho-ko-nu, e, movendo a alavanca, uma flecha longa e rápida foi cuspida e se enterrou no peito do animal, cena que jamais sairia da cabeça daquela jovem guerreira, e inclusive, acarretaria uma série de fatos quando esta se pôs a caçar um dos homens mais temidos de toda Terra Negra.

Ela estava deitada de bruços por trás da borda de um morro arenoso, pontilhado com raras folhas de capim, arbustos espinhosos e pequenos cactos parecidos com botões de rosa. O sol poente riscava os montes baixos com sombras compridas e estreitas, e ao longe, no oeste, iluminava a superfície de um lago espectral, de modo que o horizonte parecesse uma barra de ouro ondulante.

Ela prestou pouca atenção quando um lagarto arroxeado rastejou sobre suas pernas e lambeu-as com a língua áspera. A garota suprimiu um grunhido e uma risadela, quando num ímpeto, aquele homem surgiu de uma porta gigantesca e escura. Suas madeixas compridas eram apunhaladas pelo vento que soprava do sul e pousava sobre o lago agora revolto. Ele era seguido por uma legião de rapazes divididos em duas filas idênticas, encapados por vestidos negros. Possuíam na face, expressões espantadas de agonia pura, que faziam companhia a uma marcação estranha em seus pescoços desnudos.

A fila parou em um pequeno altar que pousava em frente a uma pequena montanha escavada com carrancas desfiguradas. Apenas o homem subiu, e, visivelmente atroz, fez um gesto indecifrável com as mãos.

Despindo seus trajes negros para ficar coberto com apenas uma tanga de couro, um dos rapazes saltou para cima do altar. Respingos da cor de rubi surgiram dos dois lados de seus pés. Ele encarou a face desfigurada pela sombra do homem alto de cabelos longos, e começou a tremer, espuma saia pelos cantos de sua boca.

E diante ao jovem, o homem puxou o mesmo Cho-ko-nu que puxara anos atrás. A garota engoliu um grito de pavor ao ver que o tempo todo o homem levava a procissão para o abate.

Sem pensar, a moça levantou-se abruptamente. Ela iria correr e salvar aqueles jovens. Ela deveria fazer isso, era seu dever como Donzela da Floresta Escarlate. E era seu dever como Guerreira do Exército de Quimeras... Estava gravado no seu destino que ela deveria salvar aquelas almas.

Foi quando saltou, apanhando Kvastorm, uma lança incrivelmente resistente, semelhante à Gungnir, lança de Odin. Num súbito açoite do vento, tudo parou.

Seu plano se dava em três momentos: Pular a borda. Posicionar a lança sobre o ombro direito, já mirando o alvo. E o terceiro, acertá-lo no coração.

Ela tinha sede do sangue daquele bárbaro, e o queria morto ante aos seus pés.

O suor untava seus músculos, ela avançou com cautela, pronta para atacar num instante caso obtivesse êxito no pulo da borda. Seus olhos brilhantes ardiam com uma mistura de raiva, esperança e desespero. Mas o que perpetuou, foi a sede... A sede inconfundível da vingança. Inspirando e expirando, avançou.

O vento fez com que uma mecha dos cabelos negros cobrisse seus olhos. E quando ela inclinou sua cabeça para o lado, com o intuito de que os cabelos caíssem lisos, pôde ver... Pôde ver os olhos azuis que ardiam como uma chama centenária disposta a queimar por um milênio, e até dois.

O homem estava parado a sua frente. E apontava uma espécie de espada longa e fina, que pressionava a artéria do seu pescoço, um movimento em falso, e sua cabeça voaria aos pés do inimigo. Ele a encarava.

"O lagarto que havia deixado das pernas da garota, já distante, abocanhou um dos cactos e saiu rastejando, camuflado pela cor amarelada da terra misturada com areia daquele maldito lugar deserto, quando foi atingido por respingos de um liquido escarlate, e se camuflou daquela cor. Da cor de sangue."

[Continua no próximo episódio...] -Sempre quis dizer isso

Larissa Tonin - [The]Lirium


O cair dos tapumes  

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Minhas e milhas distantes

E eu me sinto livre como jamais me senti antes.

Fecho os meus olhos e solto uma gargalhada tão intensa que me chacoalha por inteira.

E eu, que um dia pensei que jamais experimentaria esse sentimento, percebo o quanto estava errada.

Há esse gosto de suspiros, chocolate e piscadelas.

Pergunto-me o porquê, o porquê, o porquê desse gosto...

E respondo com outra gargalhada:

Porque eu estou amando!

Amando o novo cheiro das palavras

E o gosto excêntrico dos sorrisos

A intensidade da confusão

E a deliciosa percepção de um coração

As minhas vendas caíram não faz tanto tempo...

Mas meus olhos, meus olhos vêem até o vento.

Eu tento

E invento

E reconheço que até o vento e o tempo tem cores.

As cores... As cores...

Sabores…

...De amores.


Larissa Tonin - [The]Lirium

Cair Paravel  

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ㅤ ㅤRodeada de árvores num mundo estranho, fui acariciada pela brisa quente de verão que rumava para o norte. Em busca do duvidoso, cantarolando uma melodia inaudível aos meus próprios ouvidos parei em frente à imensa foz do Grande Rio, donde as torres brancas que se perdem ao chocar-se com o imenso azul do céu foram-me vistas de longe.

As pétalas de rosa que faziam às vezes de véu empurraram-me para um hall estranho, intenso demais aos meus olhos. Magnífico!
ㅤ ㅤE nessa hora, descobri que dentro das mesmas paredes onde jazia meu corpo ofegante, havia um ser imperial...
ㅤ ㅤO qual eu deveria fazer tudo que minhas mãos pudessem ou não fazer, para ele.
E lá, onde os reis dormem num sono profundo, onde ninguém pode os acordar, onde o sono é velado por Adão e Eva e onde a noite há de chegar, eu A vi.
A luz ofuscava todo o resto.
As paredes decoradas com artigos medievais já não chamavam minha atenção...
Nem mais me atraia o comprido tapete vermelho.
Pois do outro lado dele...
ㅤ ㅤEstava ela.
E num ímpeto, balbuciei sem mesmo pensar... Dama de safira!
Pois sim. Seus cabelos de tom azul-esverdeado fizeram meus olhos brilhar. Eles dançavam com o fino vento do oceano que entrava pelas enormes janelas de ouro.
Sem medo, ela deu o primeiro passo para o meu lado.
Meu coração apertou, e batia mais rápido que os tambores dos faunos.
ㅤ ㅤE então, ela sorriu e me disse:
- Filha de Eva das terras longínquas de Sala Vazia, onde reina o eterno verão da Bela cidade de Guarda-Roupa. Que tal tomarmos uma xícara de chá?
ㅤ ㅤE foi o que fizemos.
Embaladas pela noite de Nárnia, da nossa Nárnia, adormecemos mirando as estrelas lá do céu, que refletiam nossos vestidos compridos e observavam os nossos sonhos, de longe.


Felicidades Paju. Pela eternidade!
ㅤ ㅤCom todo o carinho, Raio de Sol.


Larissa Tonin - [The]Lirium

Conhecendo a escritora, final.  

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O passar dos anos abriu brechas na construção dos meus pensamentos. O passar dos amigos, a ida deles para outras cidades, ou apenas para além dos meus olhos. E foi assim por alguns anos... E nesse momento eu mudei completamente o meu pensamento, pois tudo era realmente... Novo.
E hoje eu escrevo textos enormes. Passo para o papel o que eu penso e sinto em determinados momentos... Escrevo livros.

Como Carlos Drummond de Andrade disse uma vez, eu repito agora:

“... Foi aí que nasci. De repente nasci, isto é, senti necessidade de escrever...”

E se hoje me perguntassem se eu me arrependo de algo, eu diria incansavelmente milhares e milhares de vezes que não.

E se me fosse questionado... Sim, eu o daria de novo. O primeiro passo.

Larissa Tonin - [The]Lirium

Conhecendo a escritora, segunda parte.  

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... Aquele pedaço do paraíso, comumente denominado Jardim de Infância, ainda povoa boa parte das minhas lembranças. Existe na memória aquele cheiro que só sentíamos na hora do lanche... Denso. E os variados cheiros da sala de aula, da cola esparramada por toda a carteira colorida, melecando tanto o meu lado, quanto o dos colegas. cheiro de verniz quase imperceptível das cadeirinhas que só naquela época cabíamos, e também o cheiro da massinha de modelar. O cheiro e a maciez. Na verdade, o cheiro, a maciez e o gosto também.


Nós cantávamos, dançávamos, sorríamos. E tudo isso ainda era um pedacinho a mais de tijolo para a construção de novas paredes. A saída de lá, chamarei de cimento. Pois foi a nova fase de petrificação de tudo o que eu havia aprendido, e é aquilo que não há como esquecer.


Larissa Tonin - [The]Lirium

Prelúdio: Conhecendo a escritora, primeira parte.  

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No fundo eu já sabia que ao dar um passo à frente, todas as paredes construídas ao passar dos meus poucos anos de idade se cristalizariam. Sabia também que os próximos a se cristalizar seriam os sonhos, pois no futuro só existiriam metas. E assim mesmo, eu dei aquele passo.

Existem lembranças daquele tempo em mim. Aquela espécie de que só tenta esquecer quem quer, e mesmo assim, não o tem por feito no final.

Larissa Tonin - [The]Lirium

Magníloquo  

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E sentada no círculo de pedra,

sendo acariciada pelos raros raios solares naquela tarde de inverno,

Ela O sentiu.

Não soube descrever exatamente o que era. O fato é que sua presença foi notada.

E num súbito açoite do vento, ele a chamou com a força da floresta...

A plantação de milho chacoalhava-se rumo à estreita fenda de sombras

Ela sorriu fitando a paisagem.

E da cabeleira da terra, embalada pela mesma brisa, houve um sinal.

Os animais que antes pastavam, rumaram pelo caminho escolhido

- Se você me quer, dê-me outro sinal... – Segredou

E então um grupo de pássaros voou sobre sua cabeça antes repousada.

Convencida, ela se levantou...

Em busca do desconhecido, da aventura, do término.

E quando atravessava ao lado da casinha de madeira, ela parou.

- Devo mesmo prosseguir?

De algum lugar dos céus, uma linda borboleta branca surgiu rodopiando em torno do seu corpo, conduzindo seu olhar para o lado oposto ao dele.

“Se você quer paz, retorne”

E foi o que ela fez sem hesitar, abandonando o caminho de sombras, correu até o circulo de pedra, e se deitou, fitando todo o resto, e o infinito azul do céu com suas pequenas plumas em formato de algodão presas lá no topo, que moviam-se... Moviam-se de acordo com o resto... Ainda para a fenda...

Mas então...

E então...

Adormeci.


Baseado em fatos reais.

Larissa Tonin - [The]Lirium


Borboletas amarelas  

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“Os soluços de um choro convulso ecoavam pelo corredor estreito do museu de robôs. A menina debulhava-se em lágrimas, aprisionando um de seus companheiros de metal contra o peito...”

Notas que choram suave[mente]

Alucin[ação]

[Chega]da

Torne-me indispensável para você.

Larissa Tonin - [The]Lirium

Do livro  

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"... E então saiu correndo.

Não sentia mais o chão abaixo dos pés... Já não ouvia mais nada. Chorava com tanta força que já não sabia se estava respirando.

Ela ofegava, e seu coração batia rápido demais, pensou até que desmaiaria ali mesmo. Mas de alguma maneira ainda tinha forças para correr aquele mundo inteiro. Tinha uma imensidão verde pela frente, e ela não tinha horário para parar.

Suas lágrimas eram jogadas pelos seus olhos, e voavam com o vento.

... Mal voltou a respirar, quando virou para frente e notou que o tempo todo estava correndo em direção a um abismo.

Suas pernas tremeram, seu corpo ficou rígido, e numa fração de segundos ela conseguiu frear. Ouviu os cascalhos de pedra caindo e fazendo um som oco nas laterais do precipício. O sangue pulsava em suas veias.

Uma gota de suor escorregou pela testa até o queixo e caiu..."

De "Onde os sonhos têm vez - Larissa Tonin" - [The]Lirium