Um conto medieval, parte Dois  

Posted by [The]Lirium

"...Na taverna todos aguardam, mas a barda silenciou-se. Ela se levanta e diz com a voz suave que encantou a todos por algumas horas... A voz que narrava às habilidades de outra jovem guerreira.

- Esse conto continuará amanhã, bebam e alegrem-se todos. Mas esperem, pois a continuação será grandiosa.

No fundo da taverna um homem se levanta, ninguém parecia ter notado a presença desse estranho antes, suas vestes: Apenas farrapos, mas seu olhar brilha como mil estrelas, sua voz parece distante, mas encontra em todos, um ouvinte atento. Ouvem com o coração. Como se tomados de súbito espanto.

- Jovem barda, sua história tomou minha atenção, me fez viajar além desse local, e relembrar terras distantes, estarei aqui amanhã, peço e aconselho. Não falte!

Um clarão, e o estranho se foi."

Desajeitada, dedico esse post a quem há muito o espera. Eu estava destinada a escrever para você, Daniel. Dar-te-ei finalmente este presente, como um desejo de eterna felicidade, pois sabes o quanto merece.

[...]

A porta da taverna rangeu ao se abrir. Flocos de neve adentraram pelo chão de terra batida, trazendo consigo uma fina onda do gélido ar seco de fora. Alguns homens viraram-se para olhar quem entrava, mas estavam ocupados demais com suas canecas de cerveja, que logo distraíram-se com conversas sobre armaduras e cavalos. Em frente à porta, debaixo de um casaco comprido de linho negro, estava àquela jovem barda, que há muito fora esquecida. Ela ofegava baixinho, ansiando por algo.

Com alguns passos, deslizou pelo chão que levantava uma fina poeira, e esperou chegar até o balcão para virar-se, defronte ao publico bêbado, e rastrear alguém. Nos seus olhos negros, o brilho opaco de uma alma preocupada e intrinsecamente tristonha. Os cabelos, presos em uma trança mal feita, soltaram-se através das suas costas quando a jovem tirou seu capuz, mostrando sobrancelhas cerradas. Passou uma das mãos sujas de sangue seco pela testa que ficara com a mesma coloração de cobre. Olhava, parada, em cada mesa, em cada canto escuro, mordendo os lábios de inquietação e desamparo.

Seus olhos encheram-se de lágrimas ao descobrir que quem ela queria não estava ali, balbuciou, então, algumas palavras para si mesma, com algum ritmo envolto, cantarolando baixinho, ao fitar o alto: “Encontrar-te-ei em algum lugar, e continuarei tentando, até o dia da minha morte...” Estava ali, perdida na escuridão, esperando por algum sinal, quando uma brisa fria voltou a entrar pela porta da taverna. Imediatamente a jovem engoliu o nó que se fez em sua garganta e esperou o visitante entrar.

“Onde você está? Seja o que for necessário, eu preciso saber.”

Suas pálpebras adormeceram na medida em que uma lágrima dançou dos cílios até seu queixo, e caiu em espiral até o chão. As mãos da garota tremiam quando foram ao encontro dos lábios. Deteve-se por um momento, e em seguida, deu um passo em direção a porta, onde estava um homem trajado apenas com farrapos, e embora a roupa miserável, seu olhar brilhava como mil estrelas.

Em um mundo tão distante, ao crepúsculo do dia, os dois pares de olhos voltaram a se encontrar, e duas almas há muito separadas, tornaram a se entrelaçar.

A jovem cambaleou de encontro ao homem, tirando de uma bolsa presa as costas, um presente. Piscou com os dois olhos e outras lágrimas caíram, em perfeita harmonia, através de sua face suja, escorrendo tristeza em meio à salvação e gratidão. Abriu os lábios, e uma estranha melodia soou através de alguns suspiros... “Será você? O viajante que chegou a tempo de curar as minhas feridas, de me guiar para o sol... De caminhar comigo essa estrada até o fim dos tempos? Será você?”

Ela sorriu um sorriso amargo, banhado em timidez, colocando nas mãos do homem aquela embalagem amassada, mas ainda assim bonita. “Perdoa-me... Perdoa-me...” Balbuciou ao pé do ouvido do rapaz, que via-se parado, de olhos bastante abertos, sem conseguir reagir. A jovem barda secou algumas lágrimas ao cruzar com aquele homem, e saiu pela porta que rangeu baixinho por algum tempo...

Ao olhar para suas mãos, o viajante encontrou-as banhadas em sangue. “Ela está morrendo?” Ele piscou algumas vezes e encarou o chão de barro. Havia rastros de sangue por ali. Confuso, ele encarou a porta, mas não havia nada lá fora, exceto a neve brilhando na escuridão plena, e notas de harpa que soavam através das árvores da estranha Floresta de Esmeraldas.

[Continua]

Larissa Tonin - [The]Lirium e Daniel - Iluvatar

This entry was posted on domingo, 11 de julho de 2010 at domingo, julho 11, 2010 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

1 Murmúrio[s]

Aqueles olhos brilharam uma única vez ao fitar ao longe aquela floresta, mostrando em único realnce toda o poder daquele espiirito, agora ferido como nunca antes, nunca havia se sentido tão confuso, sem saber agir, sem saber pensar, ela estava ferida... mas porque, porque não esperou sua ajuda, não deu a ele sequer um segundo para o auxiliio...
Toda aquela força se desfez, não pode dar uma passo sem que todos os temores, que ele tão habilmente afastou durante toda a vida, o assaltassem de uma só vez.
Por instantes ele apenas observou, o embrulho em suas manchado daquele liquido tao puro, aquelas manchas leves no chao, que pesavam seu coração como nada antes.
Seus olhos se encheram então da antiga chama, uma força que o consumiria em breve, mas que agora serviria ao propósito de seu coração, pois essa era sua natureza, agir, sem que ninguem empurrasse a porta a sua frente se abriu, seu corpo deslizou pelo ar,um movimento impossivel de acompanhar... tenho que descobrir... tenho de saber o porque...
Com o pacote apertado em seu peito ele saiu, noite a fora....

11 de julho de 2010 às 11:47

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