Um conto medieval  

Posted by [The]Lirium


À quem me pediu uma narração de RPG: Desculpe-me, só consigo narrar nos livros. Mas, de qualquer maneira, aqui está o seu presente de aniversário. E por mais que não pareça um “Parabéns” na integra da palavra, em cada termo e no desenho ali em cima, está uma pitada da minha gratidão, afeição, inibição, e puxasaquismo.

[...]

Ela olhava fixamente para a torre escura de pedra, onde estava o homem que por tanto tempo ela perseguira. Este havia tirado a vida do seu precioso amigo, um Lobo-Cinzento, consagrado naquela terra um dos Abomináveis. O homem a qual a garota esperava havia acertado a pequena cabeça do animal com um mangual medieval, e não comovido com a carcaça ensanguentada ao chão, o bárbaro apanhou um Cho-ko-nu, e, movendo a alavanca, uma flecha longa e rápida foi cuspida e se enterrou no peito do animal, cena que jamais sairia da cabeça daquela jovem guerreira, e inclusive, acarretaria uma série de fatos quando esta se pôs a caçar um dos homens mais temidos de toda Terra Negra.

Ela estava deitada de bruços por trás da borda de um morro arenoso, pontilhado com raras folhas de capim, arbustos espinhosos e pequenos cactos parecidos com botões de rosa. O sol poente riscava os montes baixos com sombras compridas e estreitas, e ao longe, no oeste, iluminava a superfície de um lago espectral, de modo que o horizonte parecesse uma barra de ouro ondulante.

Ela prestou pouca atenção quando um lagarto arroxeado rastejou sobre suas pernas e lambeu-as com a língua áspera. A garota suprimiu um grunhido e uma risadela, quando num ímpeto, aquele homem surgiu de uma porta gigantesca e escura. Suas madeixas compridas eram apunhaladas pelo vento que soprava do sul e pousava sobre o lago agora revolto. Ele era seguido por uma legião de rapazes divididos em duas filas idênticas, encapados por vestidos negros. Possuíam na face, expressões espantadas de agonia pura, que faziam companhia a uma marcação estranha em seus pescoços desnudos.

A fila parou em um pequeno altar que pousava em frente a uma pequena montanha escavada com carrancas desfiguradas. Apenas o homem subiu, e, visivelmente atroz, fez um gesto indecifrável com as mãos.

Despindo seus trajes negros para ficar coberto com apenas uma tanga de couro, um dos rapazes saltou para cima do altar. Respingos da cor de rubi surgiram dos dois lados de seus pés. Ele encarou a face desfigurada pela sombra do homem alto de cabelos longos, e começou a tremer, espuma saia pelos cantos de sua boca.

E diante ao jovem, o homem puxou o mesmo Cho-ko-nu que puxara anos atrás. A garota engoliu um grito de pavor ao ver que o tempo todo o homem levava a procissão para o abate.

Sem pensar, a moça levantou-se abruptamente. Ela iria correr e salvar aqueles jovens. Ela deveria fazer isso, era seu dever como Donzela da Floresta Escarlate. E era seu dever como Guerreira do Exército de Quimeras... Estava gravado no seu destino que ela deveria salvar aquelas almas.

Foi quando saltou, apanhando Kvastorm, uma lança incrivelmente resistente, semelhante à Gungnir, lança de Odin. Num súbito açoite do vento, tudo parou.

Seu plano se dava em três momentos: Pular a borda. Posicionar a lança sobre o ombro direito, já mirando o alvo. E o terceiro, acertá-lo no coração.

Ela tinha sede do sangue daquele bárbaro, e o queria morto ante aos seus pés.

O suor untava seus músculos, ela avançou com cautela, pronta para atacar num instante caso obtivesse êxito no pulo da borda. Seus olhos brilhantes ardiam com uma mistura de raiva, esperança e desespero. Mas o que perpetuou, foi a sede... A sede inconfundível da vingança. Inspirando e expirando, avançou.

O vento fez com que uma mecha dos cabelos negros cobrisse seus olhos. E quando ela inclinou sua cabeça para o lado, com o intuito de que os cabelos caíssem lisos, pôde ver... Pôde ver os olhos azuis que ardiam como uma chama centenária disposta a queimar por um milênio, e até dois.

O homem estava parado a sua frente. E apontava uma espécie de espada longa e fina, que pressionava a artéria do seu pescoço, um movimento em falso, e sua cabeça voaria aos pés do inimigo. Ele a encarava.

"O lagarto que havia deixado das pernas da garota, já distante, abocanhou um dos cactos e saiu rastejando, camuflado pela cor amarelada da terra misturada com areia daquele maldito lugar deserto, quando foi atingido por respingos de um liquido escarlate, e se camuflou daquela cor. Da cor de sangue."

[Continua no próximo episódio...] -Sempre quis dizer isso

Larissa Tonin - [The]Lirium


This entry was posted on terça-feira, 4 de maio de 2010 at terça-feira, maio 04, 2010 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

1 Murmúrio[s]

É violenta a volta desse mundo, e você não a tornou nem um pouco mais suave... viajo eu para outro mundo nesse caso...
Na taverna todos aguardam, mas a barda se silenciou, ela se levanta e diz com a voz suave que encantou a todos por algumas horas, a voz que narrava as habilidades de outra jovem guerreira.
- Esse conto continuará amanhã, bebam e se alegrem todos, más esperem, pois sa continuação será grandiosa.
No fundo da taverna um homem se levanta, ninguém parecia ter notado a presença desse estranho antes, suas vestes apenas farrapos, mas seu olhar brilha como mil estrelas, sua voz parece distante, mas encontra em todos um ouvinte atento, ouvem com o coração como se tomados de subito espanto.
- Jovem barda, sua história tomou minha atenção, me fez viajar além desse local, e relembrar terras distantes, estarei aqui amanhã, peço e aconselho. Não falte!
Um clarão e o estranho se foi....

5 de maio de 2010 às 19:43

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